Parece acontecer “do nada”. Um dia, você vai pôr a camiseta, bermuda, sunga ou biquíni ou se barbear – e sente um desconforto na pele. Ao olhar no espelho, há uma espécie de irritação, com uma ou mais “bolinhas” bem ali, onde nascem os pelos, parecidas com espinhas… e elas coçam e incomodam bastante. Pode ser foliculite.

O que é foliculite

A foliculite tem esse nome por ser uma inflamação que atinge o folículo piloso, estrutura encontrada na pele de onde saem nossos pelos e cabelos. A principal origem do problema é uma infecção bacteriana, normalmente causada por Staphylococcus aureus.

Essa bactéria é bastante comum e costuma colonizar a pele sem causar problemas, mas isso muda quando entra no corpo por meio de ferimentos ou cortes, que podem ser muito pequenos, inclusive os causados pela depilação, barbear e até picadas de insetos. Além disso, outras bactérias, fungos e até vírus podem ser causadores da foliculite.

O ser humano tem cerca de 5 milhões de folículos pilosos, que se distribuem por praticamente toda a superfície do corpo, exceto em algumas regiões, como, por exemplo, as palmas das mãos, plantas dos pés e áreas de transição entre pele e mucosa (lábios, partes dos genitais etc.).

Além do pelo em si, que pode ter diferentes espessuras, o folículo piloso conta com diferentes regiões, sendo o bulbo a mais profunda. Localizado na derme, camada intermediária da pele, é no bulbo que, graças a processos biológicos, nasce o fio. Há também glândulas sebáceas, sudoríparas, músculo piloeretor (músculo eretor do pelo, responsável pelos arrepios), vasos sanguíneos e outros órgãos anexos e em torno da estrutura do folículo.

Entender essa complexidade é importante porque explica as diferenças entre os diversos tipos de foliculite, que começam com a classificação entre superficiais e profundas.

Tipos de foliculite

A foliculite superficial, que responde pela maioria dos casos, envolve a parte superior do folículo piloso. A pele em volta fica vermelha e incômoda e surge uma “bolinha” que parece espinha e pode conter um ponto branco ou amarelado (pus), além de coçar muito.

Nesse tipo de foliculite, não é incomum ver o pelo no centro, que, muitas vezes, está encravado. Isso, porém, não é determinante. Embora pelos encravados realmente facilitem o surgimento da infecção, a foliculite não aparece em todos eles e pode surgir mesmo se o pelo tiver rompido a pele normalmente.

Já na foliculite profunda, a inflamação “desce” e pode chegar até o bulbo e às camadas mais profundas da pele. Nesse caso, os sintomas incluem grandes áreas avermelhadas, lesões altas com pus amarelado e nódulo endurecido no centro, dor (algumas vezes, intensa), coceira e inchaço, que podem resultar em cicatrizes ou mesmo na perda do folículo piloso.

Quanto aos agentes causadores, há diversos tipos de foliculite. A foliculite estafilocócica, causada pelo Staphylococcus aureus, é a mais comum entre as superficiais. Há também a causada por pseudomonas, bactérias que ocorrem principalmente em banheiras e piscinas; e a ptirospórica, causada pelo fungo Malassezia furfur, que prefere regiões úmidas do corpo e costuma atacar costas, peitos e braços de homens adultos e adolescentes.

A pseudofoliculite da barba também costuma afligir os homens, especialmente os de pele negra. Nesse caso, a inflamação é causada apenas por pelos que se voltam para dentro da pele. Mulheres, no entanto, também podem ter essa inflamação, principalmente em virilhas e axilas depiladas.

Por sua vez, as foliculites profundas incluem a sicose da barba, também causada pelo Staphylococcus, na região do rosto e pescoço dos homens; as causadas por bactérias gram-negativas, que costumam aparecer em pessoas que usam antibióticos por muito tempo, como no tratamento da acne; furúnculos e carbúnculos; e a eosinofílica, que costuma aparecer em pessoas com sistema imune comprometido, como os doentes de aids. O site da Sociedade Brasileira de Dermatologia traz detalhes sobre cada um dos tipos.

Tratamento

O tratamento da foliculite depende, em larga medida, de identificar se ela é superficial ou profunda, o local onde ocorre – nádegas, pernas, virilhas, barba e axilas são regiões muito frequentes –  e o agente causador.

As foliculites superficiais costumam não causar maiores transtornos e podem até se resolver com medidas caseiras, como compressas mornas e úmidas no local, uso de água morna para lavar e sabonetes antissépticos.

Em casos mais graves e/ou quando há o aparecimento de complicações (inclusive escurecimento da pele), ou mesmo quando, ainda que de baixa gravidade, o problema é frequente, é importante ir a um(a) dermatologista.

Nesses casos, o tratamento pode incluir o uso de pomadas anti-inflamatórias, antibióticos, sabonetes antissépticos manipulados, cremes antifúngicos, corticoides e mesmo técnicas que destroem o folículo completamente, de acordo com o quadro. As foliculites muito severas podem também requerer intervenções cirúrgicas, como drenagem de pus por incisão. Daí, a importância de buscar um bom profissional diante de qualquer dúvida.

Fatores de risco e prevenção

Ao longo do texto, você já deve ter compreendido alguns fatores de risco. Depilação, sobretudo com lâmina, é um deles. A etnia também é importante, pois, embora a foliculite possa aparecer em qualquer pessoa, quem tem pele negra e asiática está mais propenso.

Além disso, embora a foliculite também apareça em quem tem peso e imunidade normais, obesidade e baixa imunidade estão mais associadas ao problema.

A prevenção, portanto, passa por controlar alguns desses fatores de risco. Lavar sempre as mãos – inclusive após tocar lesões ativas, para não disseminar a infecção –, beber bastante água, evitar alimentos gordurosos e o ganho de peso, cuidar da rotina de higiene, manter a pele hidratada, evitar compartilhar ou reutilizar lâminas e redobrar os cuidados com a pele ao utilizá-las são cuidados bem-vindos.

Para quem faz depilação com cera ou em clínicas, é importante se certificar dos cuidados com a pele e se o local atende a todas as normas sanitárias, assim como verificar as condições de asseio de banheiras e piscinas antes do uso.

Como a foliculite tem relação com a proliferação de microrganismos e microferimentos, evitar o excesso de fricção é importante, o que significa, por exemplo, não usar roupas muito apertadas por muito tempo e até mesmo aplicar hidratantes antes e depois de depilar qualquer área.

Além disso, deve-se evitar usar sabonetes antissépticos em excesso e sem necessidade, pois eles podem ajudar a desequilibrar a flora bacteriana da pele e, ao contrário do que se pensa, até contribuir para o problema.

Uma atenção importante deve ser dada às regiões mais úmidas e quentes do corpo, como as axilas, já que essas condições contribuem para a proliferação dos microrganismos que causam a foliculite. Não ficar muito tempo com roupas úmidas ou molhadas, dar preferência a tecidos naturais e manter a pele limpa e seca estão entre as recomendações.

É aí que seu desodorante antitranspirante pode virar um aliado. Utilizado corretamente, o produto combate o suor excessivo e ajuda a evitar que as axilas permaneçam úmidas por muito tempo, especialmente em dias mais quentes. Isso contribui para evitar o surgimento da foliculite nessa área – e se houver a inclusão de substâncias menos abrasivas e/ou hidratantes na formulação, é um bônus.

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